Historieta conta
O que significa ancestralidade?
Definir ancestralidade exige um pouco de calma, pois é um conceito complexo para ser explicado em um sinônimo.
A nossa ancestralidade indica a riqueza cultural e étnica que nos originou e – neste sentido- auxilia a nos entender no hoje.
Nossos ancestrais com suas raízes culturais e com as suas experiências de vida nos legaram muito mais do que características biológicas.
Trazemos em nós, também, marcas de suas trajetórias e de suas vivências impressas em nosso ser transcendente, psíquico e emocional.
Há culturas onde a ancestralidade é um valor de grande importância: raiz e seiva da existência dos seus descendentes e de suas continuidades.
As marcas das experiências e das condições de vida de nossos antepassados refletem em nossas atualidades.
Pense: você não conhece a sua ascendência, entretanto, as gerações que lhe precederam lhe legaram heranças para além de seu DNA.
Dizendo dos nossos ancestrais, creio, ser importante lembrar que esses podem estar na ordem dos mitos. Sim, há um ‘início de tudo’ na experiência humana que é mítico.
Quando a gente pensa em ancestralidade é inevitável: vamos pensar na experiência humana.
Pensar sobre a experiência humana transcende o ‘antes de nós’- comumente – presente nas definições de ancestralidade. Abarca o presente e vislumbra um além.
Neste movimento, ao pensar a vivência atual, é possível considerar o conceito de ancestralidade em projetos e políticas públicas nas esferas socioeconômica, política e cultural.
Afinal, ao observamos a nossa sociedade, podemos constatar que marcas ancestrais – herdadas ou sociais – implicam nos lugares sociais presentes, assim como, em pertencimentos.
A memória tece as malhas ‘presente – passado’; representa o tear de nossa experiência ancestral cultural.
As manifestações e a valoração da ancestralidade são, também, uma feitura histórica.
Suas apropriações, suas ressignificações ou os seus reconhecimentos fazem parte da experiência humana de vivenciar e refletir a atualidade.
Para concluir lembro Achille Mbembe – quando referindo-se à ancestralidade africana ou negro-africana – aponta que
a compreensão de condutas ancestrais é possível, quando as percebemos como “resultado das lutas históricas”.
Como citar?
CARRA, Patrícia R. Augusto Carra. Ancestralidade. Já pensou sobre? Histori-se (Historieta conta). Disponível em < https://historise.com.br/ancestralidade-e-historieta/>. Acesso em: dia/mês/ano.
REFERÊNCIAS:
- LEITE, Fábio Rubens da Rocha (2008). A questão ancestral: África negra. São Paulo: Palas Athena: Casa das Áfricas.
- MBEMBE, Achille (2001). As formas Africanas de auto inscrição. Estudos Afro-asiático 23(1) p.171-209 In: < https://www.scielo.br/j/eaa/a/ddR69Y7Ptm6KDvv4tmHSvbF/abstract/?lang=pt>. Acesso: dezembro de 2022. [página 51].