e a questão dos refugiados sírios.
Cinema

Se não gosta de spoiler, assista ao filme antes desta leitura

O FILME

O filme As Nadadoras – disponível na Netflix – é a linha condutora de nossa conversa.

Baseado no livro Borboleta: de refugiada à atleta olímpica, minha história de resgate, esperança, liderança e triunfo
(tradução livre de  Butterfly: From Refugee to Olympian, My Story of Rescue, Hope and Triumph).

O livro é uma autobiografia da autora: Yusra Martini.

Yusra Mardini
Autoria da imagem não conhecida.

Como o título indica, temos um texto biográfico com as trajetórias de duas heroínas: Yusra e sua irmã, Sarah Martini.

As duas acompanhadas de um primo, Nizar Martini, partem da Síria – afetada pela Guerra Civil – para a Alemanha.

Superação, resiliência, foco, amor entre irmãs, sonhos, empatia, humanidade são alguns dos ingredientes dessa narrativa, entretanto, é a  epopeia vivenciada por refugiados que tem destaque.

Não há como ignorar: aos refugiados, são negados direitos humanos.

Seguimos conversando.

 O longa As Nadadoras tem duas horas e quinze minutos de duração e conta a história das irmãs Yusra e Sarah Martini, do início da Guerra Civil na Síria (2011) até as Olímpiadas sediadas pelo Brasil (Rio – 2016).

As filmagens aconteceram no ano de 2021 , mas a estreia foi no Festival de Toronto em 8 de setembro de 2022.

A direção é de Sally El Hosaini e as atrizes que interpretam Yusra (Nathalie Issa ) e Sarah  (Manal Issa) são irmãs na vida real.

Outra curiosidade: as irmãs foram consultoras da obra – tanto durante a escrita do roteiro quanto ao longo do desenvolvimento das filmagens; as quais contaram também com a participação e a consultoria de outros refugiados.

As irmãs, em especial Yusra, participaram como dublês das atrizes principais nas cenas de nado.

Sonhos e planos

Sonhos de um jovem atleta – impedido de competir nas olimpíadas pelo serviço militar que o retirou dos treinos – transformados em expectativas para suas filhas.

Sonhos de pai e de filhas atravessados pela guerra.

Esse argumento já renderia um longa interessante e denso, mas não é o centro nesta produção.

As Nadadoras denuncia o tratamento dispensado à população em busca de refúgio.

Há ações criminosas, como – por exemplo –  negativas de socorro a vidas em perigo no mar.

Aplaudimos a coragem das irmãs que saltam do bote em alto mar e nadam até a costa grega junto ao que deveria ser um barco.

Do conforto de nossas poltronas, nascem questões: como alguém pode negar socorro a pessoas fadadas a morrer no mar? Quem é conivente com essa situação?
Por que pessoas pagam altos valores por uma viagem tão arriscada se é muito mais barato fazer o mesmo trajeto em navios potentes ou aviões?

A história é sobre parte da história de Yusra e sua irmã

É através da experiência dessas jovens que a história é contada. Quem são elas?

A primeira parte do longa nos apresenta a dupla e sua família vivendo na Síria.

Nessas cenas, vamos conhecendo sobre suas personalidades, valores, sonhos, hábitos, condições de vida e sobre como vivenciam o (e reagem ao) cotidiano de um país afetado pela guerra civil.

O filme não cai na armadilha de passar a experiência de Yusra e Sara como o exemplo de trajetória comum à totalidade dos migrantes.
Longe disso: a narrativa deixa claro que as irmãs fazem parte da minoria que atinge o final feliz.

Realidade ou ficção

O longa é baseado na autobiografia de Yusra; contudo não se trata de uma narrativa totalmente fiel.
Em alguns trechos, a ficção é usada e possibilita contar a história de mais refugiados trazendo – para o público – uma visão mais ampla das epopeias vivenciadas por essas pessoas.

Imagem de refugiados - homens, mulheres e crianças - na estação de trens Keleti em Budapeste.
Foto de Mstyslav Chernov in Wikimedia Commons- Estação de trens em Keleti, Budapeste no dia 4 de setembro de 2015.

Eu e Léo Prado conversamos sobre o As Nadadoras.

Confira o vídeo!

Um aviso: a gente não economizou nos spoilers; contudo também deixamos diversos pontos de atenção e reflexão para você descobrir.
Uma troca justa: demos spoilers, mas não esgotamos a discussão sobre o longa.

Léo Prado

Léo Prado

Professor do Instituto Federal do Rio Grande do Sul – IFRS – campus de Viamão (RS) e criador do canal no YouTube  Professor Léo Prado  

Outras colaborações de Léo Prado:

 

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