Festival de Cinema de Gramado

Festival de Cinema de Gramado.
Arte: editora de Histori-se.
Uma nova edição
A 52ª edição do Festival de Cinema de Gramado inicia no próximo dia 08 de agosto.

Depois dos desafios de reconstrução de um Estado atingido por enchentes,
o evento apresenta programação no tradicional Palácio dos Festivais e também nas redes de televisão Canal Brasil e TVE.

A proposta, implementada à época da pandemia do COVID-19, possibilita que os brasileiros participem do Festival,
ainda que a veiculação se restrinja a gêneros específicos da amostra competitiva: documentários e curtas-metragens.

A importância desses últimos alia-se à trajetória de seus autores: apresentam, muitas vezes, diretores que se destacam e, em seguida, passam ao longa-metragem, como foi o caso de Jorge Furtado, Yasmin Thainá, Juliana Roja e Kleber Mendonça Filho, entre outros.

Helena Solberg 

Quanto ao documentário, vale lembrar que a história do gênero no Brasil apresenta grandes nomes no país e no estrangeiro,
como Eduardo Coutinho e Helena Solberg que revolucionaram a perspectiva desse tipo de película,
e Kleber Mendonça Filho – embora com um único documentário até o momento,
sua direção e narração demonstram que caminha e ousa nas trilhas abertas por Coutinho e Solberg.

Ana Muylaert e Dira Paes - diretoras indicadas ao Festival de Cinema de Gramado.
Arte: editora de Histori-se
Mulheres no Festival

Outro destaque desta 52ª edição do Festival de Cinema de Gramado é o número de diretoras com obras selecionadas, algumas já consagradas no cenário nacional – como Anna Muylaert –, outras em estreia, como Dira Paes.

A primeira leva o espectador a um mundo em que emergem questões relacionadas a racismo, classicismo, machismo e corrupção.

A segunda, sob as palavras do poema de Manuel Bandeira, revela a busca de uma estudiosa de aves por um lugar no mundo que possa chamar de seu, uma Pasárgada.
No filme, Dira Paes reúne as funções de roteirista, diretora e atriz.

Juntam-se a essas autoras, na categoria Longas Brasileiros, Juliana Rojas, Eliane Caffé e Yasmin Thainá (que divide a direção com Jorge Furtado).

Dos sete longas em exibição no Palácio dos Festivais, cinco contam com a direção de mulheres.

Os trabalhos de Aíla Costa e Roberta Carvalho e de Renata Paschoal constam na categoria Longas Documentais.

Carvalho é uma artista visual, multimídia e diretora artística cuja obra é atravessada por tensões entre arte e tecnologia e entre a floresta e a cidade.
Costa é uma das principais vozes da música contemporânea no Norte do Brasil.
As cineastas levam à tela as cantoras, compositoras e musicistas da região amazônica.

Paschoal é atriz, produtora e diretora.
No curta-metragem Corpo Celeste, atuou como diretora; e, com Domingos Oliveira e Pedro Cardoso, produziu o documentário Todo mundo tem problemas sexuais.

Neste ano, apresenta um documentário em homenagem ao Teatro por meio da trajetória de Clarice Niskier, atriz e dramaturga.
Com sensibilidade, o filme revela a paixão pelo ofício, sua poética visão de mundo e as parcerias com outros grandes nomes da cena artística brasileira.

Foto: Gustavo Galvão

Na mostra Longas Gaúchos, encontramos os nomes Cristiane Oliveira e Thaís Fernandes – esta divide a direção com Rafael Corrêa.
Fernandes e Rafael lançam as câmeras sobre as memórias do próprio cartunista, que enfrenta uma doença degenerativa.
Oliveira narra as mudanças num relacionamento de 50 anos, acompanhando uma matriarca italiana que decide acompanhar o marido em suas viagens como vendedor pelos botecos da serra gaúcha.

Todos os filmes selecionados apresentam qualidades que não caberiam em um breve comentário como este.

Temas relacionados à cultura Mbya-guarani, eventos políticos no Rio Grande do Sul, estereótipos de gênero, culinária e criminalidade, ornitologia e dilemas entre a vida pessoal e o trabalho formam um panorama de questões candentes no Brasil de 2024 e, também, no mundo do século XXI.

A curadoria composta por Marcos Santuário, Caio Blat, Emerson Dindo, Mônica Kanitz e Leonardo Bomfim entrega aos brasileiros uma amostra em que delicadeza, intensidade e atualidade são as pedras de toque deste evento tão caro ao cinema do Brasil.

Autora: Vera Haas
Vera Haas
Vera Haas e Frederico
Notas:
  1. Imagem destacada: arte da editora de Histori-se
  2. Imagem 2. Fotografia de Helena Solberg (autoria desconhecida).
  3. Imagem 3. Arte com cartazes de divulgação.
  4. Imagem 4. Bastidores do filme Até que  a música pare. Foto de Gustavo Galvão no jornal Correio do Povo (7.12.2022). Porto Alegre, RS. Brasil.
  5. Festival de Cinema de Gramado acontece na cidade brasileira gaúcha, Gramado.
logomarca Histori-se
Apoie Histori-se. Divulgue o site. Compartilhe o seu conteúdo.
Escrito por
Veja mais de Vera Haas
Orgulho e Preconceito: 210 anos.
  Em 28 de janeiro de 1813, Jane Austen publicou o seu...
leia mais