Arte: editora de Histori-se.
Do século XIX ao século XXI.

Marchinhas

No final do século XIX, pessoas se juntavam, em especial, na cidade do Rio de Janeiro, para brincar o carnaval nas ruas.
Formavam cortejos carnavalescos como por exemplo, o cordão de carnaval Rosa de Ouro.

E foi para homenagear o Rosa de Ouro que Chiquinha Gonzaga criou “Ó abre alas” e, ao fazer isso, compôs a primeira marchinha de carnaval.

Ó abre alas!
Que eu quero passar (bis)
Eu sou da lira
Não posso negar (bis)

Ó abre alas!
Que eu quero passar (bis)
Rosa de Ouro
É que vai ganhar (bis)

Com certeza, você já ouviu e/ou cantou os versos acima. Uma composição feita no ano de 1899.

Chiquinha Gonzaga
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O tempo passou, o gênero marchinha de carnaval ganhou reconhecimento e destaque no século XX.
O som feito de batidas marcadas foi temperado com ingredientes do samba e passou a dizer de temas presentes nas preocupações, na cultura ou nas cenas do cotidiano da sociedade (da época em que foram compostas).

Não é exagero dizer: as marchinhas são fotos instantâneas de momentos ou de particularidades do universo de seus compositores.

Época do carnaval de rua e dos bailes carnavalescos:

Em especial, a partir do final da década de 1920, blocos de rua e/ou bailes de carnaval eram animados pelo ritmo e pelos refrões repetidos de uma composição “tipo chiclete(você pode até evitar, mas irá se pegar cantando por ai).

Estou dizendo das marchinhas.

A marchinha de Carnaval tem história

Já ouviu falar na Era do Rádio?

Essa foi, também, a época de ouro das marchinhas.
Podemos dizer que o auge desse gênero musical está nas décadas de 1930, 1940 e 1950.

Muitas marchinhas fizeram parte dos carnavais de diversas gerações. A composição “Chiquita Bacana”, sucesso gravado pela diva Emilinha Borba,  é uma dessas músicas:

Chiquita Bacana
Lá da Martinica
Se veste com uma casca
De banana nanica

Não usa vestido
Não usa calção
Inverno pra ela
É pleno verão
Existencialista
Com toda razão
Só faz o que manda
O seu coração.

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A marchinha continua na moda

É verdade que, a partir dos anos 1960, outros ritmos, como o samba-enredo, se destacaram na arena carnavalesca.

A afirmação acima é um fato; contudo, a marchinha continuou (e continua) nos seduzindo e contando, em seus versos, flashes de cotidianos e preocupações de sociais.

Na década de 1980, a epidemia da AIDS provocava medo e exigia cuidados e mudanças de hábitos da população.

Nesse contexto, a marchinha (a seguir) foi composta.
O foco da composição é a importância do sexo seguro.

Bota a camisinha
Bota, meu amor
Que hoje tá chovendo
Não vai fazer calor

Bota camisinha
Bota, meu amor
Que hoje tá chovendo
Não vai fazer calor

Bota a camisinha no pescoço
Bota geral
Não quero ver ninguém
Sem camisinha
Pra não se machucar
No Carnaval

Pensando nas letras das marchinhas carnavalescas é possível destacar algumas características: simplicidade, humor, uso de termos com duplos sentidos (ação que reforça o humor).

Há composições recentes

A preocupação com a violência contra mulheres é um dos temas que nos mobiliza na atualidade.
Uma das artes que tratam sobre essa temática é a composição de marchinhas. Veja a de nome “Beijo Mesmo“.

Beijo, beijo, beijo
Eu beijo mesmo
Beijo mesmo
Quem eu quiser (Bis)

Beijo quem me der na telha
Seja homem ou mulher
E se difícil for de identificar

Eu beijo mesmo
Basta apenas eu gostar

Beijo, beijo, beijo
Eu beijo mesmo
Beijo mesmo
Quem eu quiser (Bis)

Só não pode beijar à força
Assediar quem não quer te amar
Pra ser astral, tem que ser consensual
Beijar na boca e curtir o carnaval

Outro exemplo é a cantada pela campanha #CarnavalSemAssédio:

"Não é não". "Não me calo". "lugar de mulher é onde ela quiser". "Não me calo"
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Carnaval sem assédio
 É a regra da alegria
Agora são as minas
 As donas da folia

 Pera lá, rapaz, segure seu amor
 Não é assim que se faz
 Eu também sou da folia e a minha fantasia é só um jeito de brincar

 E pra minha brincadeira, se você se comportar
 Posso até te convidar
 Mas jamais se esqueça da lição: não é não

 Calma lá, Pierrot
Não é assim que se conquista a Colombina

 Ela é quem determina até onde a brincadeira vai chegar

 É um charme ser cortês
 Ao contrário, estupidez, acaba com qualquer clima
 E pra encerrar, jamais se esqueça da lição: não é não.

marca Histori-se

Notas:
  1. Chiquita Bacana é uma composição de Alberto Ribeiro e de Carlos Alberto Ferreira Braga (Braguinha). Ouça em Spotify – Emilinha Borba, (acesso 02/2025).
  2. Bota a camisinha é uma composição de  João Roberto Kellt e Leleco.  Esta marchinha foi encomendada e cantada pelo apresentador Chacrinha.
  3. Beijo mesmo é uma composição de Aline Calixto e Juliano Butz. Escute em You tube – Beijo mesmo.  
  4. Veja sobre a campanha #carnaval sem assédio em ONU Mulheres – acesso 02/2025. e em Coletivo não é não.
  5. Artes: colagens da autora usando imagens disponibilizadas na plataforma Canva em 02/2025.
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