Cartas
Assunto: menopausa e pós-menopausa
Querida amiga,
Que esta carta a encontre bem.
Hoje resolvi falar ou escrever sobre vida pós-menopausa. Mas como isso dá um livro, vou – somente – trocar algumas palavras contigo.
Como vivencia essa fase?
Como percebeu a chegada desse fenômeno?
Eu? Foi meu corpo quem me avisou.
Eu estava contente, conhecedora do meu corpo, entendendo meus ciclos e de repente… Meu corpo enviou uma mensagem: “não me conhece tanto assim, baby”
E continuou enviando mensagens, textões e propondo encontros – em meio a calores inexplicáveis, tremores fora de hora, transpirações em nível ‘caixa d’água manchando toda a roupa, axilas e costas’: “estou metamorfoseando…. Pode investir na continuidade de se reconhecer” (ele dizia).
Não fosse meu querido corpo – que de bebê virou menina, adolescente, vivenciou menarca, menstruações, gravidez e mais um monte de transformações e emoções – eu garanto: ele ouviria poucas e boas (talvez tenha escutado).
A verdade é que, nesta fase de nossa viagem pela vida, já vivenciamos muita coisa e alguns tabus.
Todo conjunto que resumimos no termo menopausa estão, também, na categoria dos tabus que afetam a vida feminina.
E afetará cada vez mais – a vida de mulheres e de seus afetos – nossa expectativa de vida está crescendo.
Segundo o IBGE (2019), a expectativa de vida da brasileiras é estimada em 80 anos.
Nos meados do século XX era de 50 anos.
Veja essa conversa com meu corpo – a que relatei nas primeiras linhas: ela aconteceu quando eu estava, plena, nos meus 48 anos. Hoje tenho 56 e pretendo confirmar as estatísticas citadas.
Entender, sem pudores, termos como menarca, menstruação, menopausa, climatério é essencial para ( eu e) milhares de outras mulheres viverem com maior qualidade de vida.
E estou dizendo de informações interdisciplinares e sem preconceitos, também, por parte da classe médica.
Escutei uma vez: “Agora, menopausa e falta de libido e envelhecimento e flacidez: uma montanha russa e o ficar velha”.
Primeira coisa: alguns sintomas são comuns a todas as mulheres, outros não. Diante da afirmação acima, lembro, respondi: “pelo menos – por enquanto – estou uma velhinha assanhada”.
Descontração a parte, a verdade e que nossos corpos se transformam, também, na fase maturação.
Faltam informações, conversas acolhedoras e sérias. Sobram piadas de mal gosto, preconceitos e ideias de que o fim da possibilidade de menstruar (outro tabu) seria o término do gerar.
Pensar assim é redutor da condição humana. Há corpos femininos que não menstruam. Há corpos que não gestam filhos.
Nossa vida não é restrita a parir filhos e o verbo gerar é muito mais amplo que gestar.
A condição humana e o potencial de nossos espíritos, mentes e corações e corpos são, ainda, incompreensíveis.
Há muito para conversarmos sobre este tema. Por enquanto fico por aqui.
Vou ligar o ar-condicionado no frio, em pleno inverno, [só um pouquinho] e trocar de roupa e sair: tem festa.
Aguardo o seu retorno: carta (estamos vintage), e-mail, direct ou outra forma. Quem sabe um café?
Um fraterno abraço.
Como citar este post?
- CARRA, Patrícia R. Augusto. Menopausa e pós-menopausa – carta para uma amiga. Histori-se. Vol. 2, No. 11, fev. 2023. Disponível on-line em: < https://historise.com.br/menopausa-e-pos-menopausa/>.
Converse com a autora.
- ESCREVA para o e-mail contato@historise.com.br
CRÉDITOS:
As imagens presentes nas artes criadas por Histori-se estão disponíveis no banco de imagens do Canva -2023. .