Metade da laranja
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Quando nos olhamos no espelho, devemos nos enxergar e nos entender inteiras. Porque assim somos: uma inteireza – coração, mente, corpo, espírito, transcendência e história.

A OUTRA METADE

Diziam-nos sempre: “um dia, menina, encontrará a sua outra metade”.

A outra metade está em você.

Como? Não posso procurar minha outra metade?
Pode, mas não encontrará em outro alguém. Por quê?

Porque você é um ser inteiro. E outro alguém também.

Porém, não fique triste. Isso não significa que não há parcerias de vida, amores em nossos caminhos. Pelo contrário!
Significa, apenas, que você é uma inteireza e o Outro, outra inteireza.

O problema é quando delegamos ao Outro o nos completar. Ele não pode.
Não pode, porque somos uma inteireza.

O Outro pode lhe ajudar a se Iluminar.
Incentivar-lhe a se transcender.
Mas suas experiências serão sempre únicas e suas, assim como os seus risos ou as suas dores.
O Outro pode ser seu único amor romântico, seu par constante na dança da vida. Ou não.

Quando delega ao Outro lhe fazer feliz ou lhe completar, ou se frustra ou corre o risco, de sem perceber, eleger um vilão ou, pior, não perceber o abusivo se instalando.

Um toque de autocuidado diário é nos lembrar que somos inteireza.

No auge da paixão.
Na explosão do amor romântico.
Nas saudades dos amores que se findam ou daqueles que desejamos.
Podemos, até, dizer ou cantar os versos de Florbela Espanca presentes no poema Fanatismo:

“Não és sequer a razão do meu viver, 
Pois que tu és já toda a minha vida!”

Mas quando nos olhamos no espelho, devemos nos enxergar e nos entender inteiras.
Porque assim somos: uma inteireza – coração, mente, corpo, espírito, transcendência e história.

Ame-se, cuide-se, histori-se.

Lorrayne veste Arabescko
Lorrayne veste Arabescko. Imagem cedida por Arabescko _ moda sustentável.

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  • Leia outras produções da autora. Clique no link a seguir  < Patrícia Augusto Carra >.
  • A seguir o poema completo, cujos versos foram citados no corpo deste texto:

FANATISMO

Florbela Espanca (1894 – 1927)

Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver.
Não és sequer a razão do meu viver
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida…
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No mist’rioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!…

“Tudo no mundo é frágil, tudo passa…”
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros:

“Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu é como Deus: princípio e fim!…”

(In: A Poesia de Florbela Espanca – Livro de Sóror Saudade, Ed. Lafonte, S.P., 2020, p.81).

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