Disseram-me bruxa.
Minha intuição tinha sido assertiva.
Bruxa!
Adivinhara e evitara certo constrangimento.
Mas estava ali.
Escrito, bordado, anunciado em neon….
Eu só podia ter bola de cristal.
Disseram-me “bruxa”!
E a pronúncia veio carregada de males para os humores.
Então, evitei me olhar no espelho
Para não encontrar a “bruxa”
Que a raiva alheia queria refletida.
Disseram-me “bruxa” e tinha tanto amor,
Que eu só podia mesmo conhecer temperos e chás
Portanto, escolhi os ingredientes
Servi mais uma xícara de chá para aquele coração terno.
Disseram-me “bruxa”
Não sei o por quê
O que era bruxa?
Portanto, segui indiferente
Talvez, um tanto assustada
Ignorância pode acender fogueiras
Disseram-me “bruxa”
Sorri sem saber
Chamei as amigas
Voamos para além das estrelas
Dançamos até o amanhã chegar.
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