Em 28 de janeiro de 1813, Jane Austen publicou o seu romance mais famoso, Orgulho e Preconceito.
Orgulho e Preconceito -210 anos
A obra é considerada uma das melhores narrativas existentes ainda hoje, pois atrai leitoras e leitores mesmo em pleno século XXI.
O desenvolvimento da história apresenta o reconhecimento paulatino entre dois personagens: a protagonista Elizabeth Bennet e o antagonista da jovem, Fitzwilliam Darcy.
As pequenas hostilidades e ironias que os personagens Elizabeth e Mr. Darcy trocam evoluem para um sentimento de admiração recíproca que está calcado também na descoberta de si mesmo.
A obra de Jane Austen, ao colocar Elizabeth e Darcy como personagens que antagonizam mediante o juízo de valor que fazem um do outro, reencena um mote subjacente às narrativas A Bela e a Fera e Eros e Psiquê.
Orgulho e Preconceito, A Bela e a Fera e Eros e Psiquê
Como no conto e no mito, faz-se necessário um aprendizado, uma transformação das personagens protagonistas e de seus pares.
Mulheres curiosas e determinadas, elas fazem um percurso de autodescoberta e, ao mesmo tempo, de conhecimento do outro.
A antipatia ou desconfiança apresentada no início do enredo precisa ser vencida nessa viagem de Elizabeth, Bela e Psiquê: o contraponto com o outro revela a verdadeira natureza de cada uma.
Um conjunto de peripécias demonstra o amadurecimento das mulheres e a consciência (possível) de cada uma quanto ao lugar de onde falam dentro da sociedade representada (e do gênero literário adotado) em cada obra.
Orgulho e preconceito encanta, talvez, justamente pelo diálogo que estabelece com mundos tão antigos:
sob os encontros e desencontros vividos por Elizabeth, ganham destaque a independência e intrepidez da jovem que enseja um modo de agir e pensar ainda a ser conquistado pelas leitoras de Austen.
A segunda das irmãs Bennet expressa sua opinião e olha para a sociedade de sua época com ironia.
Sua capacidade de observação e o forte espírito crítico colocam-na à frente de sua época, fazem de sua figura uma mulher em nada comum.
Como protagonista de um romance, sua personalidade mostra-se problemática, complexa. Precisa obedecer regras impostas às mulheres, e, ao mesmo tempo, buscar os recursos que lhe permitam alguma decisão própria, alguma independência – apesar de estar em um mundo comandado por pais e maridos, por dotes e grandes fortunas.
Nenhuma magia ou deusa virá salvar Elizabeth, tampouco sua família é rica.
A argúcia e o conhecimento advindo de livros são as armas que maneja para se impor na família, nos bailes, frente a Mr. Darcy ou Lady Catherine.
Como leitora de Orgulho e Preconceito, de A Bela e a Fera e de Eros e Psiquê, recomendo a leitura do romance, do conto e do mito.
E, claro, que se deliciem com as várias adaptações audiovisuais dessa obra que avança no tempo porque nós, mulheres, ainda temos muito a conquistar: equidade salarial, espaço político, respeito aos nossos corpos, para lembrar algumas de nossas lutas neste século XXI.