Imagem de Stevebirdmead disponível {on-line} in Pixabay (março, 2021)
Histori-se ama arte! Onde está a arte popular no cenário marcado pela pandemia de Covid-19? Que tal visitar artistas populares? Núbia Quintana, bonequeira e colaboradora da nossa revista, conta o nosso plano de visitas. Confira!

ARTE DE VIVER NO CAOS

O último ano foi de testar limites. Um ano de reaprender, adaptar, improvisar.
Falando em improvisos, algumas categorias, em especial, tiveram que improvisar muito para viver. Recriar a vida, reaprender como fazer para trabalhar. Lembraram dos educadores? Todo respeito do mundo aos educadores que, mesmo sem encontros ou curso de informática, souberam auxiliar os seus pupilos; contudo, hoje falarei de outra categoria profissional.  Falarei dos que sempre vivenciaram o improviso como Arte; como mecanismo da arte e – às vezes – como Linguagem.

Falarei dos artistas: Músicas, Teatreiras, Atrizes, Bonequeiras, Bailarinas, Circenses, Mímicas, Comediantes e tantos mais. Categoria, formada por autônomos e remunerada pelo público, seja por: couvert, cachê, bilheteria ou chapéu.

Porém arte é mais que trabalho.  É vida!

A arte, muitas vezes, é a razão de ser de muitas pessoas e de muitos coletivos.
Como fazer arte em grupo sem sair de casa?  Imagine a Orquestra ou o Corpo de Dança. E como não fazer arte e ficar em casa? Muitas dores e questões surgiram nesse novo tempo, onde Ontem não é mais referência, dando sentindo para a velha fala do poeta:

 “E ser artista no nosso convívio/ Pelo inferno e céu de todo dia/Pra poesia que a gente não vive/Transformar o tédio e melodia
(Cazuza, Todo amor que houver nessa vida -1982)

 Artistas não param. Não há como parar a arte!

Recriar e migrar não foram escolha. Uma Live nunca terá o pulsar do público, mas não deixa de ser troca e acalanto, em tempos tão frios.
Durante esse tempo de isolamento, as artes tomaram consciência de que o poder público, realmente, não gosta de artistas.

Alguns direitos perdidos e uma dificuldade financeira geral – sentida mais forte pelo artista popular – provaram que a realidade da vida da bailarina – Que ela é forçada a enganar/ Não vivendo pra dançar/Mas dançando pra viver…[1] pode ser pior em tempos de crise.

 Em Porto Alegre  – e em todo o Rio Grande do Sul – vemos a cultura ruir, literalmente, com o fim dos espaços públicos de uso das artes.
E agora, como ficam os grupos que necessitam de sede pra trabalhar? Existem sedes privadas de grupos? Onde elas estão? Quem são esses grupos? Do que eles se alimentam?

O PROJETO HISTORI-SE “VISITAR ARTISTAS POPULARES”

Com esse conjunto de perguntas surge o projeto de visitar grupos de artistas populares que – mais do que sobreviverem – fazem arte em tempos de crise.

MESTRAS BONEQUEIRAS

E para começar essa turnê,veremos – de perto – onde e como moram os artistas bonequeiros. Esses artistas fazem a mais antiga narrativa conhecida: a animação de objetos para contar histórias.

Em breve, aqui, estaremos envoltas por Marionetes, Fantoches, Muppets, Bonecos gigantes, Automáquinas, Sombras e outras Traquitanas Animadas ao lado de seus mestres. E claro, como Histori-se é um espaço de protagonismo feminino, vamos às Mestras Bonequeiras, que fazem história na cultura popular.

Parte do corpo do boneco Mauro serve de cama para o gato Guinard. Boneco e foto de Núbia Quintana. Segundo Guinard, a Núbia é dele.

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NOTA: [1] – Samba Canção (1954), composição de Américo Seixas e de Chocolate (Dorival Silva), imortalizado na voz de Elis Regina.

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