Meio ambiente
Foto de Min An no Pexels.
A geóloga Tamara F. Machado compartilha com Histori-se reflexões sobre a questão ambiental. Confira!

O MEIO AMBIENTE

O meio ambiente abrange toda a natureza original e artificial, bem como os bens culturais correlatos, compreendendo, portanto, o solo, a água, o ar, a flora, as belezas naturais, o patrimônio histórico, artístico, turístico, paisagístico e arqueológico.

Desta forma, o estudo completo do meio ambiente se faz complexo e multidisciplinar, abrangendo, necessariamente, áreas da geologia, biologia e história.

O entendimento dos aspectos culturais também integra e enriquece este conceito para que possamos observar e assimilar a complexidade da natureza e das intervenções antrópicas sobre a mesma, compreendendo melhor suas consequências.

No âmbito do Direito, existem três conceitos técnicos, quando falamos de meio ambiente e sociedade:

O primeiro conceito é o ecológico (técnico), segundo o qual meio ambiente se define pela combinação de todas as coisas e fatores externos aos indivíduos ou população de indivíduos em questão. Mais exatamente, é constituído por seres bióticos e abióticos e suas relações e interações.

O segundo conceito é o legal, constante da Lei n. 6.938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente), para a qual meio ambiente é “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem química, física e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.

O terceiro conceito, jurídico, é o formulado pelo jurista José Afonso da Silva, que afirma que meio ambiente é a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas.

Podemos perceber que existem várias definições para meio ambiente, umas, mais abrangentes, outras, mais simples, mas não menos significativas. Na verdade, nenhuma delas é totalmente completa, precisa e acabada. A diversidade de conceitos também se faz útil, pois amplia o conhecimento e alimenta os debates de forma saudável e enriquecedora.

Independente de qual seja a definição adotada, meio ambiente sempre será a interação do homem com a natureza. Portanto, qualquer dano ao meio ambiente refletirá necessariamente ao ser humano, em menor ou maior escala, em curto, médio ou longo prazo.

A comunidade científica é praticamente unânime quanto à necessidade de integração dos saberes para uma aprendizagem mais significativa e completa.

Ao pensar uma proposta pedagógica que priorize a construção autônoma do conhecimento, é imprescindível o conhecimento interdisciplinar e a compreensão geológica da natureza para uma visão sistêmica do planeta que reflita as complexidades que enfrentamos como seres históricos. A história ambiental serve para promover a percepção dos processos naturais para além do ciclo de vida humano e entender o potencial das ações antrópicas sobre o meio natural, ocupando um importante papel nas relações existentes entre o meio ambiente e a sociedade que vivemos hoje.

É sabido que o mundo mudou após Revolução Industrial. Juntamente com o crescimento das indústrias e a consolidação do capitalismo, vieram suas consequências, tais como: a abertura de buracos na camada de ozônio, a extinção de biomas, o derretimento de geleiras, a poluição de recursos hídricos e do solo, as mudanças climáticas, entre outros tantos. Na visão da sociedade da época, não era necessário considerar as consequências das atividades exercidas para o ambiente, uma vez que não havia clareza sobre suas consequências e sobre o conceito de recursos naturais não renováveis. Até pouco tempo, acreditava-se que a natureza sempre se renovaria e que os bens naturais eram infinitos.

Os recursos naturais são elementos essenciais à vida humana. Nós, diariamente, buscamos satisfazer nossas necessidades e para isso recorremos ao meio ambiente e ao que ele nos fornece. A interação entre o homem e o meio se faz presente em tudo.

Para que a industrialização seja possível, é necessário que haja, por exemplo, a mineração, que nada mais é que extrair da natureza bens minerais essenciais para a sociedade atual. Porém, é possível minerar considerando a sustentabilidade, reduzindo os impactos (pois toda ação antrópica gera impacto, mesmo que mínimo) ou transformando-os de forma benéfica. Para isso, mais uma vez, precisamos de uma análise complexa, inteligente e multidisciplinar. E é preciso que haja vontade política.

Quando estudamos e compreendemos o universo e a natureza, em toda sua complexidade, corroboramos com subsídios que fundamentem atitudes mais sustentáveis.

Contudo, ao longo dos anos, os recursos naturais passaram a ser explorados e utilizados de maneira irracional e sem o cuidado necessário para a manutenção deles. É ainda considerada recente (e não unânime) a preocupação por parte da sociedade, governantes e da comunidade científica a respeito da preservação dos recursos naturais. É necessário buscar uma forma de suprir as necessidades e promover o desenvolvimento das sociedades de forma sustentável.

Dentro do atual contexto competitivo de mercado, caracterizado pelo processo de globalização e por avanços tecnológicos acelerados, criam-se ambientes altamente dinâmicos. Para que as empresas obtenham e ofereçam bons resultados do ponto de vista ambiental, é necessário que haja alinhamento estratégico, com forte interação entre gestão ambiental e inovações de produto, de processo, de marketing e organizacional.

As principais dificuldades para melhorias ambientais estão associadas à necessidade de elevados custos de investimentos, assim como as limitações de conhecimento técnico e científico. Por isso, a importância da interação entre agentes internos e externos para a condução de melhorias ambientais.

Hoje, a questão ambiental ainda se depara com a resistência dos detentores de poder e dinheiro, mas esbarra também numa sociedade carente de conhecimento e recursos financeiros. Para mudarmos o pensamento coletivo, é preciso apoio nos âmbitos jurídico, político e social de forma complexa.

Precisamos compreender como vivem os brasileiros, por exemplo, e oferecer condições, em maior e menor escala, para que todos possam fazer sua parte. Em menor escala, é necessário educar a população com ações que cheguem até a periferia, com a separação e coleta adequada do lixo residencial, por exemplo. Em maior escala, com ações políticas fortalecedoras (caminho oposto ao trilhado pelo governo atual), legislação clara (pois lidamos com leis, muitas vezes, dúbias, que dão margem a múltiplas interpretações e fornecem brechas legais) e fiscalização adequada e ativa. Do ponto de vista político, o incentivo fiscal para empresas comprovadamente comprometidas com o meio ambiente também deve ser estimulado e aplicado.

Essas são algumas ações essenciais e até óbvias, porém, não efetivas nos dias atuais. Enquanto nós, que possuímos conhecimento técnico e científico, não fizermos nossa parte e pressionarmos até atingirmos estes objetivos, a sociedade, já cansada e desestimulada, tenderá a não mudar e a, cada vez mais, se afastar das discussões pertinentes e urgentes.

Vamos juntos nessa caminhada, sem parar.

A Autora

Tamara França Machado

Geóloga e mestra em Geociências, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e pós-graduanda em Gestão Ambiental de Empresas. Trabalhou na Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Porto Alegre e atua hoje como Consultora Ambiental autônoma.

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