A PALAVRA DESÁGUA PORQUE DESTERRA

Paisagem Impermanências foi o tema de premiada instalação de Bya Medeiros. Confira texto e vídeo compartilhados pela artista na nossa revista.

ARTE E INSPIRAÇÃO

Foto da artista Bya Medeiros

A PALAVRA DESÁGUA PORQUE DESTERRA

Brava mãe terra: abriga, alimenta, fecunda, afaga, faz nascer e enterra.
Bya Medeiros

Bya Medeiros – educadora, ambientalista, designer em Cerâmica – brindou HISTORI-SE com o vídeo DESTERRA, parte de seu trabalho Paisagem Impermanências (2018).
A sensibilidade e argúcia desta mineira produzem beleza, poesia, denúncia, alerta… dizem de nossa fragilidade…

Paisagem Impermanências – produção selecionada na 24ª Concorrência de Talentos de Arte Galeria da CEMIG (Companhia Energética de Minas Gerais) – foi exibida na Galeria de Arte Cemig (Belo Horizonte/MG) em 2019.
Assista o vídeo e leia o texto Paisagem Impermanência apresentados a seguir.

DESTERRA

VÍDEO INSTALAÇÃO – Paisagem-impermanências
VIDEO INSTALLATION – Landscape-impermanences

A PALAVRA DESÁGUA PORQUE DESTERRA

Rosto da artista Bya Medeiros
Bya Medeiros

PAISAGEM IMPERMANÊNCIAS

  Na ocupação Paisagem-impermanências, o tema paisagem se encontra nos detalhes que o olhar buscou reter. O interesse é de trazer a visibilidade dos modos e movimentos da terra, mas não sobre seu deslocamento no espaço que se dá em harmonia com o Sistema Solar. Antes, evidenciar o modo de ser pisada, de ser pó, de ser movediça; de desmoronar, deslizar, desterrar…

Narrar de seus fluxos de impermanências em virtude das águas de chuva, dos ventos ou de seus tremores internos, alterando a cartografia das paisagens. Às vezes, de forma rápida, outras, sutis e graduais, quase imperceptível, provocando pequenas alterações, como deformidades na superfície e entortamentos de árvores.

Certamente, de quase todas suas formas e movimentos, o perigo assombra nosso olhar ao mesmo tempo que encanta visar seu deslocamento, desprendendo superfícies, encharcando-se e transformando-se em lama. E depois de sobreviver a  essa imprudência natural, podemos observar nos detalhes da montanha, terras escorridas e pedras mudas retidas pela ação gravitacional. Pensamos: paralizou-se neste exato momento!

Algo, como um movimento sísmico, acabou de movê-las. A terra escorrida, as pedras arroladas, estão incertas em seu lugar. Qualquer sopro de vento forte possibilitará seu deslocamento. Estas paisagens se transformam e evoluem para zonas de risco para os seres habitantes da terra. Brava mãe terra: abriga, alimenta, fecunda, afaga, faz nascer e enterra.

A impermanência da paisagem reside, talvez, nestes detalhes do entre. Entre um acontecimento e outro, entre um tempo e espaço retido na memória, na foto, na experiência do visível. O trânsito do acontecimento é da ordem do devir, dos entre-tempos que se sobrepõem. O entre-tempo, o acontecimento, é um tempo onde não se passa nada, apenas a expectativa, a reserva do olho que tudo come.

A AUTORA

Bya Medeiros é educadora, ambientalista e designer. Graduada em Filosofia, especialista em arte-educação e mestre em Artes, Urbanidades e Sustentabilidade, trabalha como designer em Cerâmica no seu atelier. Sua investigação e experimentos cerâmicos passam por seus respectivos processos de maturação, e com o tempo, o pensar sobre suas esculturas revela-se num relacionamento de coexistência entre formas e espaços. Teve sua produção exposta em galerias comerciais de cidades como Belo Horizonte, Recife e Rio de Janeiro.

Conheça mais sobre Bya Medeiros no site < BYA_MEDEIROS>.

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