Imagem de Iuliia Bondarenko disponível in Pixabay_2021
Nesta edição, lembrei-me das mães recentes e, também, de eu quando me descobri mãe. O que eu tenho a dizer, em resumo, é que sempre seremos as melhores mães que pudermos ser. Mães são seres humanos, são reais.

AUTO CUIDADO & BEM ESTAR

 Penso que ser mãe, não importa de quantos filhos, sempre, será uma cotidiana descoberta.

Olhar-se, cuidar-se. Atentar-se para os seus desejos, possibilidades, receios e emoções. Pensar-se. Essenciais que, muitas vezes, com a maternidade e os fazeres e responsabilidades da maternagem, vamos nos esquecendo…. Mas como pensamos em cuidar sem nos cuidar? Quem cuida de quem cuida?

Resolvi compartilhar um trecho do texto de Chimamanda Ngozi Adichie presente no livro “Para educar crianças feministas – Um Manifesto” (páginas 14 -20: edição de 2017). Este livro é uma das dicas de leitura desta edição. Os grifos são meus.

No texto, Chimamanda escreve para a sua amiga Ijeawele (Chudi é o marido de Ijeawele).

***

TEXTO: “Para educar crianças feministas – Um Manifesto”
(páginas 14 -20: edição de 2017).

1. Primeira sugestão: Seja uma pessoa completa. A maternidade é uma dádiva maravilhosa, mas não seja definida apenas pela maternidade. Seja uma pessoa completa. Vai ser bom para sua filha. […].

Nas próximas semanas desse início de maternidade, seja boa com você mesma. Peça ajuda. Espere ajuda. […].

 Permita-se falhar. Uma mãe de primeira viagem nem sempre sabe como acalmar o bebê que está chorando. Não ache que precisa saber tudo. Leia livros, procure coisas na internet, pergunte a mães e pais mais velhos ou, simplesmente, vá por tentativa e erro. Mas, acima de tudo, concentre-se em continuar uma pessoa completa.

Tire um tempo para si mesma. Atenda a suas necessidades pessoais. Por favor, não pense nisso como “dar conta de tudo”. Nossa cultura enaltece a ideia das mulheres capazes de “dar conta de tudo”, mas não questiona a premissa desse enaltecimento. Não tenho o menor interesse no debate sobre as mulheres que “dão conta de tudo”, porque o pressuposto desse debate é que o trabalho de cuidar da casa e dos filhos é uma seara particularmente feminina, ideia que repudio vivamente.

 O trabalho de cuidar da casa e dos filhos não deveria ter gênero, e o que devemos perguntar não é se uma mulher consegue “dar conta de tudo”, e sim qual é a melhor maneira de apoiar o casal em suas duplas obrigações no emprego e no lar.

2. Segunda sugestão: Façam juntos. Lembra que aprendemos no primário que verbos são palavras “de ação”? Bom, pai é verbo tanto quanto mãe. Chudi deve fazer tudo o que a biologia permite – ou seja, tudo, menos amamentar. Às vezes, as mães, tão condicionadas a ser tudo e a fazer tudo, são cúmplices na redução do papel dos pais.

Você pode achar que Chudi não vai dar banho nela do jeito que você gostaria, que talvez ele não enxugue o bumbum dela com o cuidado que você teria. E daí? Qual é o máximo que pode acontecer? Ela não vai morrer nas mãos do pai por causa disso. É sério. Ele a ama. É bom para ela ser cuidada pelo pai. Então, relaxe, esqueça seu perfeccionismo, deixe de lado seu senso socialmente condicionado de dever.

Dividam igualmente a criação. “Igualmente” depende, claro, de ambos, e vocês vão dar um jeito nisso, prestando atenção às necessidades de cada um. Não precisa ser uma divisão literalmente meio a meio, ou um dia você, um dia ele, mas você vai saber se estão dividindo igualmente. Vai saber por não se sentir ressentida. Porque quando há igualdade não existe ressentimento. E, por favor, abandone a linguagem da ajuda. Chudi não está “ajudando” você ao cuidar da filha dele. Está fazendo o que deveria fazer.
***   ***   ***

Veja mais de Patrícia Rodrigues Augusto Carra
História e literatura
Conto histórico  – História e literatura O contato com a história brasileira é...
leia mais