Mapa de Giovanni Battista Ramusio

O Tempo das Feitorias

O que denomino como O tempo das feitorias corresponde ao, geralmente, descrito nos livros didáticos sobre História do Brasil, como período pré-colonial.

  1. A Terra de Santa Cruz

A chegada da frota cabralina ao que conhecemos como litoral da Bahia (1500) foi registrada pela coroa portuguesa
como a descoberta de uma nova terra, oficialmente, uma nova extensão de seus domínios garantida pelo então recente, Tratado de Tordesilhas (1494).

Mapa de Cantino – 1502

A Terra de Santa Cruz, nome dado pelos portugueses ao território encontrado e compreendido como posse,
não foi considerada fonte de lucros suficientes para justificar um grande investimento de colonização.

Seus habitantes não tinham a ideia de ‘vida mercantil dos europeus’, ou seja, não sentiam nenhuma necessidade de produzir excedentes.

À primeira vista, também não havia riquezas, como metais preciosos, que fossem cobiçados no mundo europeu. A exceção era uma árvore, cujo tronco, era matéria-prima para a produção de corante vermelho: o “pau brasil” e cuja exploração não impunha a formação de uma empresa colonizadora.

É importante lembrar que:

  • a costa africana e, principalmente, o Oriente eram fontes de grandes lucros;
  •  os recursos portugueses, tanto humanos como materiais, disponíveis para a atividade além-mar, eram limitados.

2. Um comunicado

Era primeiro de maio de 1500 quando a esquadra de Pedro Álvares Cabral entendeu ter tomado posse de uma porção de terra no novo continente em nome do Rei de Portugal; contudo, somente em julho de 1501, o soberano português divulgou tal acontecimento

Pré-colonial. Por quê?

O período de 1500 a 1530 da história da América Portuguesa é, costumeiramente, identificado como período pré-colonial.

Historieta explica - História
Arte: Histori-se
Isso porque, nesse período, não existiu nenhum intento ou movimento de formação de núcleos de colonização nesse território.

A exploração do pau brasil não exigia a edificação de povoados.
Para a extração e transporte dessa madeira, a mão-de-obra indígena era suficiente.
Para armazenar a madeira – no tempo entre a extração e o embarque nos navios destinados ao continente europeu – feitorias eram soluções.

É bem verdade que surgiram alguns ajuntamentos de pessoas ao redor de feitorias ou em outras áreas do extenso litoral.
Não eram frutos de ação colonizadora. Eram europeus que, por alguma razão, estavam vivendo na costa brasileira, por exemplo: degradados, náufragos, desertores de navios.

Apenas em 1530, a Coroa Portuguesa considerou a colonização de sua colônia na América e,
somente em 1532,
chegou ao litoral brasileiro a primeira expedição
com objetivo de fundar núcleos de colonização.

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Arte: editora de Histori.se
Notas:
  • Leia o segundo post da série no link A expedição de 1501 – 1502
  • Veja todos os conteúdos da série no link Categoria O Tempo das Feitorias
  • Primeiro post da série – O tempo das feitorias.
  • Imagem de destaque – fragmento de cópia colorizada pela Biblioteca Digital Cartográfica – USP do mapa de Giovanni Battista Ramusio, 1556.
  • Sobre o Mapa de Cantino, vide Mapa de Cantino
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