DIADORIM
Cinema&Literatura
OBRAS DE ARTE TRAZEM LUZ…
Para Junho, momento de celebração do amor e da alegria, recomendo os contos “Morango e chocolate” e “Nunca diga eu te amo”, de Senel Paz.
O escritor cubano traz para o centro da narrativa estudantes, filhos da Revolução de 1959, e dilemas que atingem a necessidade de conjugar tradição, novos horizontes e direitos humanos. Para saborear, um pedacinho de “Nunca diga eu te amo” (“No le digas que la quieres”):
“(…) imagina, eu sabia o que ia acontecer, e era a primeira vez, e era com Vivian, e, juro, eu tentava não pensar em nada, não me antecipar aos acontecimentos e respeitá-la muito; mas sabe como é a cabeça da gente (…)”.
Também para Junho, quando o inverno chega e, à semelhança da terra, preparamos novos frutos, recomendo “O amante”, de Marguerite Duras. A escritora francesa leva-nos ao percurso feito pela protagonista na descoberta de sua condição de mulher e de sua sexualidade.
A memória é o fio condutor; portanto, as emoções experimentadas desvelam as dores e a profunda solidão do amadurecimento da menina que se transforma em mulher e tem consciência do mundo patriarcal em que ela e seu amante chinês estão inseridos. É preciso querer olhar para dentro de si quando lemos “O amante”. Prepare-se para a ternura e a dureza, o sabor é apenas levemente doce. Experimente:
“ Desde o primeiro momento ela sabe de alguma coisa, quer dizer, que ele está em suas mãos. E que, portanto, outros além dele, poderiam ficar em suas mãos caso surgisse a ocasião. Ela também sabe uma outra coisa, que agora certamente chegou o momento em que não pode mais escapar a certas obrigações para consigo mesma“.
Boas leituras – e lembre, a arte coloca no mundo algo que não estava lá até você ter lido a obra.