Úrsula
Mulheres que escrevem
LUZ DOS OLHOS
A estante de Histori-se tem um livro novo: Luz dos Olhos de Natália da Costa.
A autora, Natália da Costa, contou para Histori-se sobre o processo de escrita que resultou em Luz dos Olhos. Falou sobre o romance que está envolto pela bela capa, sobre si e … Leia o texto e descubra.
QUILOS E QUILOS DE DIÁRIOS
Comecei a escrever este texto de muitas formas, mas sempre apagava… Por mais que eu ame escrever, vem aqui o pensamento clichê do quanto é difícil, para um escritor, pôr no papel palavras sobre si.
Dizer que escrevo desde criança, seria outro clichê? Dizer que aprendi a ler muito cedo seria outro?… Talvez seja parte do tecido de que nossa alma é feita, a alma de escritor.
Não, eu preferia ganhar bonecas e jogos ao invés de livros. Eu preferia correr e ver “Xou da Xuxa” ao invés de gastar as tardes lendo. Mas eu lia de noite, para ter sono, e isso era muito bom.
O primeiro livro que li, sem figuras, foi o “Reinações de Narizinho” do Monteiro Lobato aos 10 anos e lembro – perfeitamente – da sensação de felicidade e assombro.
Era como se eu ganhasse poder para fazer qualquer coisa na vida.
Comprei o meu primeiro livro, com o dinheirinho da mesada, só aos 13 anos e foi o “Confissões de Adolescente”.
E foi este livro que fez tudo acontecer…
Ele era fruto de um diário e eu (que tinha alguns, mas não entendia muito a função deles) danei a escrever.
E escrevia sobre tudo: relatos de acontecimentos, crônicas sobre minha vida, sentimentos… Tudo. E assim, como para muitos escritores, conheci outro clichê: o de que, nos momentos de desespero (que só quem foi adolescente sabe), foi a escrita que me salvou.
Quilos e mais quilos de diários foram ocupando espaços no meu quarto quando, depois de um coração partido, eu falei “Calma aí! Isso dá um livro!”

NASCI
E foi aí que eu nasci.
Em 1995 eu nasci como escritora mesmo.
Antes era só ensaio.
Este primeiro livro ainda não foi publicado, eu sofro do mal de todo escritor, que a obra nunca está boa, que ainda falta mexer… Acho que ele precisa de mais tempo de “forno”, sabe?
Mas outras histórias foram me preenchendo, como espíritos que sabiam que eu era capaz de psicografar, vindo em inspirações na fila do mercado, no trânsito, nos momentos antes de dormir, na hora do banho…

EU TENHO UMA HISTÓRIA PARA CONTAR
Em 2017, grávida do meu primeiro filho, estava eu tomando banho quando uma dessas histórias me “possuiu”, e juro: ela veio inteira, inteira mesmo, do título ao desfecho, passando por nomes de personagens e até suas religiões. E o que eu fiz? Sim, como todo escritor, engavetei.
A minha sorte é que tenho boa memória e não sofro (muito) do mal do esquecimento típico de quando, finalmente, conseguimos pegar um papel e uma caneta. Uns meses depois, já perto do meu bebê nascer, eu estava lendo “Azul da cor do mar” da Marina Carvalho e, quando acabei, disse: “Ei, eu também tenho uma história para contar!”
E a beleza da orquestra da vida aconteceu de novo para mim: um presente de natal do meu marido em forma de curso de escrita da Fabi Bertotti.
Mas só em 2020 é que tive vergonha na cara para sentar e escrever o fruto deste curso. Em janeiro de 2022: ele veio ao mundo.
LUZ DOS OLHOS
“Luz dos Olhos”, meu primeiro livro publicado, que mostra a metáfora de uma bailarina dançando no fundo do mar logo na capa, que surgiu enquanto eu estava imersa em um banho, cuja alavanca veio de um livro sobre um amor que nasceu na frente do mar e as ferramentas de construção me foram dadas quando eu era o mar para o meu pequeno Francisco.

Este livro é um romance que diz da busca pelo que nos preenche e daquilo que é maior que nós, onde podemos nos derreter.
Diz de encontros, desencontros, reencontros. De “ser farol” e “ser barco” no mar da vida. Diz de paixão por dança, futebol e família.
Fala de relacionamentos tóxicos e de ser tóxico sem saber. Fala de abusos sutis, daqueles que a gente nem percebe, mas que nos destroem.
Fala de ser jovem nos anos 1990 – 2000 na Barra da Tijuca e em Porto Alegre .
De buscar conhecimento em outro país, mas escolher voltar. Diz sobre ser mulher nas ciências, ser aluna da UFRJ e encarar o engarrafamento da Linha Vermelha todos os dias.
Conta como é não ter conhecido o pai, mas ser preenchida dele.
Fala do judaísmo contemporâneo e que não há um “jeito certo” de ser judeu, nem católico e nem nada. Fala de fé.
Fala de amor verdadeiro e que sim, ele existe! Foi nele em que me inspirei.
A AUTORA
NATÁLIA DA COSTA

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A FOTO DO LIVRO
A foto do livro que ilustra esta matéria é de autoria da Gabriella Monteiro, do “Leituras de Gabi” (IG, Youtube e Twitter).
Na imagem acima, Gabriela Monteiro faz uma resenha sobre o livro Luz dos olhos. Vale conferir: < Leituras de Gabi >.
Notas:
- Barra da Tijuca é um bairro da cidade do Rio de Janeiro, capital do Estado do Rio de Janeiro, Brasil.
- Porto Alegre é a capital do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil.
- Linha Vermelha é uma via expressa que vai da cidade de São João de Meriti (RJ – Brasil) até a região do centro e da Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro (RJ – Brasil).
- UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro.